[A seguir texto publicado pelo grupo anarquista “Dysinios Ippos” (Cavalo Rebelde), para informar as recentes mobilizações contra o desvio do rio Aqueloo.]
Após uma série de eventos coordenados e intervenções nos últimos anos em Atenas, Arta, Patras, Ioannina, Agrinio, Trikala, Karditsa, Larissa, Igumenitsa e em outras cidades, foi realizada pelo quinto ano, às margens do rio Aqueloo, em Mesochora, a Reunião Autônoma de Luta, com dezenas de lutadores de diferentes regiões. A reunião começou na quarta-feira, 10 de agosto, com intervenções no povoado, criando um espaço com material informativo impresso e fotográfico, com instantes da luta contra as barragens e o desvio do Aqueloo e, no geral, de protestos contra a ofensiva que estão recebendo pelo Estado e pelo Capital, várias áreas do mundo natural. Desde o dia anterior (9 de agosto), vários companheiros se encontraram em Mesochora, divulgando a informação sobre a mobilização iminente nos arredores do povoado, com cartazes e preparando o espaço que abriga os participantes no acampamento durante os últimos anos. Todos os dias, a Reunião Autônoma celebrava sua assembléia às margens do rio, e ali, coletivamente, se tomaram todas as decisões sobre as ações dos dias seguintes, bem como sobre questões de funcionamento do espaço que nos abrigou (alimentação, limpeza, etc.).
Na quinta-feira, 11 de agosto, na praça do povoado de Mesochora, realizou-se a projeção preanunciada sobre o Aqueloo e em geral sobre a ofensiva cada vez mais intensificada que está recebendo o meio ambiente natural nos últimos anos, mediante a invenção ideológica do desenvolvimento “verde”. Desde as primeiras horas da tarde, foi montado um sistema de comunicação, pelo qual se lia o texto da Reunião Autônoma, enquanto duas faixas foram penduradas que permaneceram ali durante todo o tempo de mobilização. Um deles tinha “A cultura da contaminação não se limpa, se derruba”, enquanto o outro colocava “Contra o desenvolvimento verde, represas e desvios, o Aqueloo vai ganhar”. A projeção durou até por volta das 23h30, com a participação de muitas pessoas.
No dia seguinte, sexta-feira, 12 de agosto, um grupo de companheiros foram para a área de Mesunta, a 35 quilômetros de Mesochora, esperando conhecer de perto um trecho diferente do rio. Vários companheiros caminharam ao longo de um trajeto e depois de uma hora percorrendo a montanha, alcançaram o ponto onde foi morto o capitão da guerrilha comunista (ELAS) da Guerra Civil, Aris Velujiotis.
No sábado, 13 de agosto, alguns companheiros partiram de Mesochora e subiram alguns quilômetros ao norte, atravessando o rio e entrando em contato com a paisagem de excepcional beleza natural que o rodeia, bem como os primeiros sinais de desmatamento das matas ciliares. Desde a intervenção do ano passado tinha sido observado que tinha atingido uma distância de 5 km de Mesochora.
Domingo, 14 de agosto às 10 horas da manhã, foi realizado um comício, onde foram distribuídos vários textos à população local, enquanto por volta do meio-dia e após uma intervenção-chamada a uma manifestação para os moradores, que naquele momento estavam realizando uma assembléia da Associação de Inundados de Mesochora, partiu uma caravana de motos e carros para a barragem, para realizar uma assembléia no local em que está sendo cometida a catástrofe. Cerca de 150 pessoas, incluindo muitos dos habitantes, participaram da manifestação, que foi bastante entusiasmada, gritando palavras de ordem contra o desenvolvimento “verde”, as barragens e o desvio do Aqueloo, enquanto foi montada uma instalação sonora e eram distribuídos textos aos motoristas dos carros que ali passavam. A presença policial era muito forte, com três esquadrões de grupos de choque, alinhados a pouca distância da multidão. A manifestação foi concluída em torno das 14 horas.
Finalmente, na segunda-feira, 15 de agosto, alguns companheiros fizeram uma subida ao pico da montanha, perto de “Huevo” (Avgó), a uma altitude de 1.500 metros, realizando mais um contato com o ambiente natural, extremamente raro e rico, ao sul de Pindos.
Por mais um ano, nenhum dos outros componentes da luta mais ampla contra o desvio e barragens do Aqueloo e a contra a destruição e pilhagem da natureza esteve às margens do rio, lutando para defender sua existência do apetite voraz do Estado e da Companhia de Eletricidade. Aparente também foi a indiferença geral pelo o caso de muitos habitantes de Mesochora. Para nós, esta lógica de resignação e abandono, de confiança nos julgamentos dos tribunais institucionais e nos mecanismos de mediação é o mais perigoso e autodestrutivo que se possa encontrar ao longo do caminho da luta social, que se está levando a cabo coletiva e horizontalmente e desde baixo, pela defesa da natureza e das comunidades locais, das ambições destrutivas do Estado e dos interesses capitalistas. Sob nenhuma circunstância pode-se permitir o enfraquecimento dessa luta. Embora algumas agências tornaram-se inativas ou façam vista grossa, com nossa presença no mesmo ponto das barragens e do pretendido desvio do rio, bem como a promoção do assunto no local, com vários eventos e atividades, procura exacerbar, radicalizar e, finalmente, reavivar a luta, porque apesar de todas as declarações em contrário, estamos profundamente convencidos de que o Estado, as empresas de construção e o poder político e econômico que estão dominando Tessália, em nenhum momento têm renunciado a fim de concluir e operar o maior projeto de construção realizado na Grécia.
Em última instância, a luta contra as barragens e o desvio do Aqueloo não começa nem termina aqui. Permanece constante em todos os cantos do país, onde haja pessoas que resistam à ofensiva do Estado e das empresas construtoras contra a natureza e a sociedade. Está associada a uma série de outras lutas contra a destruição e a pilhagem da natureza, do nordeste de Calcídica até Tympaki em Creta, e desde o monte Parnis em Atenas e o golfo Amvráquico até Lefkimi em Corfu e Keratea, na província de Atenas. Faz parte de uma luta global pela defesa do mundo natural e da sociedade da brutal agressão que estão recebendo do capitalismo e do Estado, pela luta pela terra e liberdade…
Contra o desenvolvimento “verde”, as represas e o desvio… O rio Aqueloo vai vencer!
Grupo anarquista “Dysinios Ippos” Patras, quarta-feira, 17 de agosto de 2011.
Mais infos e fotos: http://ipposd.wordpress.com/
[notícia veiculada por agência de notícias anarquistas-ana]