15 de Junho: Greve Geral!

Está sendo chamado mais uma Greve Geral (a terceira só neste ano) na Grécia. A data é o 15 de Junho próximo e cairá numa quarta-feira (daqui a 2 semanas). Tantas Greves Gerais convocadas só vem a confirmar a indignação do povo grego com o sistema político-econômico vigente.

Sabemos que as greves sempre foram a maior arma dxs trabalhadorxs contra a opressão do patronato e do Capital. As gregas, em particular, são geralmente marcadas por intensos confrontos de rua entre xs grevistas e xs cães-de-guarda particular dxs ricxs, a polícia.

Fique atentx para a data. Divulgue e organize atos em solidariedade ao povo grego em luta! Entre em contato com a gente: fogogrego@riseup.net

Mirando a polícia. Atenas, Greve Geral 23 Fev 2011.

Posted in General | Comments Off on 15 de Junho: Greve Geral!

Dezenas de milhares chegam a Syntagma enquanto o parlamento grego é protegido por cercas e barreiras de metal.

Domingo, 05 de Junho, 2011.

No 12º dia de mobilização na praça Syntagma, dezenas de milhares já chegaram em resposta ao chamado da assembléia da praça por um dia pan-européico de levante.

Fora do parlamento, a polícia colocou peças de cerca de metal amarradas umas as outras (uma técnica de “controle de multidões” potencialmente catastrófica e letal).

Às 19:15 da hora local (ainda muito cedo) haviam mais de 30.000 pessoas em Syntagma, e a multidão continua crescendo.

Veja aqui o live stream (transmissão ao vivo) do que acontece na praça agora.

Posted in General | Comments Off on Dezenas de milhares chegam a Syntagma enquanto o parlamento grego é protegido por cercas e barreiras de metal.

Antifa bota neonazis pra correr na ilha de Creta.

Informe publicado originalmente no Centro de Midia Independente de Atenas. Traduzido do grego para o inglês pelxs tradutorxs do Contra Info ontem, 04 de Maio. Traduzido hoje para o português pelo FogoGrego.

Heraklion, Creta: Lutadorxs de rua antifascistas contra escória neonazi.

Na tarde de Terça, 31 de Maio, ouvimos que um grupo neonazi havia aparecido na vizinhança de Analipsis no centro de Heraklion. Em uma ação de reflexo, nos encontramos imediatamente no local e contra-atacamos xs neonazi. Um resultado natural dessa ação direta foi que aquelxs nostálgicxs pela era de Hitler fugiram, deixando para trás um membro de seu grupo. Nós espancamos apenas um pouco este verme em particular meramente porque ele era jovem demais.

Este contra-ataque é parte de uma ação antifascista maior e não um incidente isolado. Como ataques racistas isolados contra imigrantes ocorreram no passado, nós deixamos claro que não vamos permitir qualquer outro encontro público de fascistas ou qualquer presença de fascismo na cidade em que vivemos.

Cobrimos nossas faces para esta ação, tomando medidas de auto-proteção já que sabemos que existem câmeras de vigilância na vizinhança e também para evitar infelizes encontros com possíveis alcoviteirxs (roufianoi) ou policiais a paisana.

PS. Provavelmente confiabilidade não caracteriza xs neonazi, já que elxs falam demais nas suas “conversas entre amigxs”.

Graffiti grego antifascista.

Posted in General | 1 Comment

Resolução da Assembléia Popular da Praça Syntagma.

Esta resolução saiu da assembléia realizada na Praça de Syntagma, Atenas, no dia 02 de Junho de 2011. Foi informalmente traduzida ontem do grego para o inglês pelo time do From The Greek Streets e traduzida hoje para o português pelo FogoGrego.

Praça Syntagma ocupada pelo povo grego. 02 Jun 2011.

Agora somos nós que devemos falar! Chamado para um levante pan-europeu no 05 de Junho!

Desde o 25 de Maio, milhares de cidadãos tem ocupado as praças do país inteiro, chamando a retomarmos nossas vidas em nossas mãos. Temos antecedentes ideológicos diferentes, mas o que nos une é a indignação por tudo que tem acontecido, e também nosso desejo por justiçã, igualdade e dignidade. Somos diferentes, mas estamos e ficaremos todxs juntxs e unidxs.

Ao mesmo tempo, mobilizações parecidas acontecem por toda a Europa. No domingo 05 de Junho coordenamos nossos passos e nos encontraremos às 6pm na Praça Syntagma, e em todas as praças do país, e em toda a Europa. Nossas vozes precisam ser ouvidas em alto tom e em todos os lugares:

-porque povos inteiros não podem ser sacrificados para que xs credorxs não terem perdas – a dívida não é nossa e não vamos pagá-la,

-porque esse sistema político que faz xs pobres mais pobres e xs ricxs mais ricxs não pode mais decidir por nós sem nós, e tem de ser subvertido,

-porque queremos viver com a dignidade de nosso trabalho, sem o constante terrorismo do desemprego,

-porque todxs aquelxs que saquearam as riquezas comuns devem ser punidxs,

-porque saúde e educação grátis e pública é direito inegável a todxs,

-porque o “Programa a Médio Prazo” não deve passar.

A desinformação organizada não nos assusta. Ficaremos nas praças até que todxs aquelxs que criaram o fim-da-linha de hoje forem embora e não voltem com uma máscara diferente: FMI, Memorandum, Troika, governos, bancos e todxs aqueles que nos exploram. Vamos sair em manifestação unidxs e coletivamente até “Ταραχή να πέσει στον Άδη, και το σανίδωμα να υποχωρήσει από την πίεση τη μεγάλη του ήλιου”.

DEMOCRACIA DIRETA JÁ!

Assembléia Popular da Praça Syntagma – 02 de Junho de 2011

http://real-democracy.gr/

Posted in General | Comments Off on Resolução da Assembléia Popular da Praça Syntagma.

Ataques a profissionais da política na Grécia

Políticxs são atacados por manifestantes e fogem de barco na ilha de Corfu

Na noite de quarta-feira (01 de junho), por volta das 22h30, centenas de “indignadxs”, na ilha de Corfu, se reuniram em torno de um restaurante chamado Velha Fortaleza, onde estava acontecendo um jantar para xs eurodeputadxs que participam em questões de imigração e refugiadxs na Europa. Entre xs eurodeputadxs presentes no jantar estava a ministra do Trabalho, Anna Dalara, Ntinos Vrettos, deputado do Pasok (Partido Socialista Grego), Angela Gerekou e Nikos Dendias, que é também vice-presidente do Conselho de Refugiadxs, entre outras autoridades.

Xs manifestantes bloquearam a saída do restaurante, evitando que xs políticxs pudessem sair e começaram a gritar slogans como “ladrões” e “traidores”, entre outros. Como resultado, foi enviado uma embarcação para a ministra, os eurodeputados e autoridades, para que pudessem deixar a ilha sem grandes transtornos.

O porta-voz do governo sob ataque

O porta-voz do governo grego Yiorgos Petalotis foi atacado e vaiado pelos cidadãos do bairro de Argyroupolis, em Atenas, onde participava de um ato do partido no poder, o Pasok. Mais de 50 pessoas o estavam esperando na porta, e, quando ele chegou, começou o ataque verbal e o lançamento de ovos, iogurtes e pedras. A multidão foi repelida pela polícia.

Links para os vídeos:

http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1299218

Tradição grega?

Kostis Hatzidakis enfrenta a fúria do povo grego. 15 Dez 2010.

Este tipo de incidentes está crescendo na Grécia desde que o país entrou em recessão. O episódio mais grave até agora foi o espancamento do ex-ministro grego dos transportes Kostis Hatzidakis, quando este saia do Parlamento, em 15 de dezembro passado.

O vice-primeiro-ministro grego Theodoros Pangalos foi atacado por manifestantes várias vezes nos últimos meses.

Em setembro passado, o radiologista de 60 anos, Prapavesis Stergios, jogou um sapato contra o primeiro-ministro grego George Papandreou, quando ele deixava um evento internacional em Tessalônica.

O ministro da Saúde, Andreas Loverdos, foi forçado a deixar a apresentação do seu livro no início de março, após um grupo de cidadãos entrar na livraria em que estava acontecendo o evento e começar a insultá-lo. O deputado da oposição, da Nova Democracia, Aris Spiliotopoulos, também estava presente e teve de deixar o local entre vaias e insultos.

Os ataques contra funcionários do governo grego no último ano e meio já totalizam mais de 90.

 

Posted in General | 1 Comment

Propaganda.

Ativistas ligadxs ao FogoGrego fizeram ações de propaganda no último final de semana na região central de Belo Horizonte. Espalhando panfletos sobre a luta na Grécia e colando cartazes com a arte e o endereço deste blog. Claro, também foram feitos os muito enficientes tet-a-tet com conhecidxs ou estranhxs, informando-xs, em poucos minutos de conversa, sobre a situação e reforçando o convite a se informar mais e visitar o blog.

Divulgue você também, a luta autônoma popular na Grécia e no mundo.

Contate-nos. Conspiremos juntxs:

fogogrego@riseup.net

 

stickers (verso do panfleto) colados

montagem com vários A4

Posted in General | 1 Comment

Em meio à crise, cresce a onda fascista.

Contra o medo, o terrorismo de Estado, empobrecimento e canibalismo social

Lutas comuns de nativxs e imigrantes pela vida, igualdade e liberdade

Pobreza – miséria – opressão – exploração: essas quatro palavras caracterizam o presente e o futuro que a classe dominante promete e reforça por todos os meios necessários à sociedade. Como a sobrevivência tem se tornado algo cada vez mais difícil, aquelxs de cima – dominantes – coloca que a única solução às pessoas seria atacar umxs àxs outrxs, se voltar contra qualque umx que se mostre um oponente fácil, viver com medo, aceitar as ordens econômicas e políticas “pelo bem do país”, ao invés de olhar a realidade direta nos olhos.

Para alcançar esses planos, as elites econômicas, políticas e religiosas conspiram com outrxs que compartilham diferentes interesses como fascistas esfaqueadorxs, a mídia coorporativa, polícia, moradorxs racistas e donos de loja em regiões pobres.

Todas essas pessoas cheiram o medo e o sangue humano, e saem dos seus buracos como uma matilha apontando como umx inimigx nossx vizinhx, x mais destituidx, x imigrante, x sem-teto, x mais fracx.

Imigrante ferido após pogrom nazi-fascista pelas ruas de Atenas.

Isso aconteceu depois do terrível assassinato de Manilis Kantaris, 44 anos de idade, que foi fatalmente esfaqueado por causa de uma câmera de vídeo. Nos dias seguintes, na área próxima ao ponto do assassinato até a praça Omonia, uma selvagem caçada começou: grupos de extrema direita com facas, capacetes e porretes esfaquearam e bateram indiscriminadamente em imigrantes, destruindo também muitas lojas e casas. A polícia esteve presente em todos os ataques dando sua assistência enquanto patriótas e racistas via televisão ou sua própria presença no local onde aconteciam os pogroms [N.FG.: pogrom = ataque violento maciço a pessoas, com a destruição simultânea do seu ambiente, termo geralmente usado quando as vítimas em questão são minorias étnicas] aplaudiam os ataques, apresentando xs imigrantes como xs inimigxs da pátria-mãe, da economia e da cultura, servindo assim à política de imigração do Estado.

Imigrante corre do pogrom (no detalhe: estilete na mão do fascista).

Ao meus tempo, xs fascistas com a ajuda de policiais atacavam Skaramaga e Villa Amalias, squats que ficam próximos ao local do assassinato de M. Kantaris. Estes squats anarquistas se levantaram em inúmeras ocasiões em solidariedade à luta dxs imigrantes; então as pessoas desses squats tentaram uma vez mais impedir os ataques, e caçaram nas ruas xs palahaçxs neonazi do Golden Dawn [N.FG.: organização fascista grega].

Aquelxs que recusam viver em opressão e exploração e escolhem resistir coletivamente, sem mediações de partidos e líderes, encaram ou gangues fascistas ou gangues de polícia, como foi o caso da Greve Geral de 11 de Maio.

Polícia espanca manifestantes durante a Greve Geral de 11 de Maio.

Devido ao furioso ataque dos esquadrões de polícia (MAT) um manifestante perdeu seu baço enquanto Yannis K. foi seriamente ferido e transferido para o Hospital Geral de Nikaia com risco de morte devido a hemorragia interna na cabeça; ele sofreu uma cirurgia imediata e ficou por vários dias no tratamento intensivo. Mais ainda, um dos manifestantes, Fotis D., está sendo mantido detido via falsas acusações pela polícia que associou a ele uma mochila cheia de molotovs encontrada.

Sabemos que é difícil para xs pobres, miseráveis e oprimidxs viver pacificamente nos bairros pobres de Atenas. Os problemas estão crescendo através de atividade da Máfia – que com assistência do Estado consiste em uma das mais inumanas e ao mesmo tempo lucrativas coorporações do capitalismo. O que aquelxs de cima não querem que entendamos é que a causa dos nossos problemas não reside nxs mais fracxs entre nós ou “x outrx”, mas no Estado, junto com xs patrõxs locais e estrangeirxs.

Não acharemos nenhuma solução aos nossos problemas obedecendo e servindo a classe dominante. As soluções devem ser encontradas quando todxs nós juntxs retomarmos nossas vidas em nossas mãos, sem líderes, com respeito mútuo, tolerância e humanidade. Quando comunicarmos nossos problemas e procurar soluções através de assembléias de bairros, bases sindicais, espaços de resistência auto-geridos, alimentação coletiva e movimentos de apoio mútuo. Quando passarmos a nos conhecer e lutar como iguais contra os interesses daquelxs de cima. Quando imigrantes e nativxs construírem lutas classista e sociais comuns contra o Estado e o Capital, por uma sociedade sem repressão e exploração, pela revolução e libertação social.

 

Assembléia Anarquista pela Autodeterminação

 

Link de vídeos:

Ataque fascista à loja de imigrantes, em Atenas. Assalto, espancamento e uso de spray de pimenta.

Na manifestação fascista após a morte de Kantaris, polícia escolta o pogrom contra imigrantes. No segundo vídeo vê-se dois fachos sendo liberados pela polícia após uma falsa detenção por agressão, e depois sendo substituídos por imigrantes.

Nota: Anarquistas detidxs após denunciarem os ataques dxs fascistas + polícia no centro de Atenas.

Posted in General | 1 Comment

Ocupação das praças: revolta popular ou embuste reformista?

O texto a seguir foi retirado (traduzido do inglês para o português) do Contra Info que, aparentemente, diverge com o From The Greek Streets (blog do Occupied London) na questão do movimento de ocupação de praças. Ambos os blogs vem servindo de portais de informação sobre as revoltas gregas sob uma perspectiva anarquista já há muito tempo e, se apresentam posições divergentes sobre essa questão, é por que realmente se trata de uma situação complexa.

Longe de ter uma posição bem definida sobre a questão, dadas as limitações de informação e conseqüente análise política sobre os acontecimentos na Grécia, destacamos que:

– O FogoGrego sempre manteve claro sua discordância com algumas das minutas da chamada Assembléia da Praça Syntagma.

– O “purismo” pode sim ser reacionário em certas situações. Porém até que ponto deve-se sacrificar o radicalismo em nome de maior adesão popular?

Confiando que xs compas gregxs saberão qual o melhor caminho a seguir, torcemos pela unidade dentro do campo ideológico anarquista. E pela vitória do povo contra o Estado.

 

FogoGrego

 

———————————————————

Quantxs amigxs o pacifismo compulsivo do Facebook tem?

 

No dia 25 de Maio, da tarde até o anoitecer, aproximadamente 40.000 de todos os tipos de neo-gregxs encheram a praça Syntagma para validar do pior jeito o memorandum Troika, as medidas de austeridade e o privilégio exclusivo do Estado de uso da violência.

O encontro necrófilo pequeno-burguês de ontem teve lugar a apenas duas semanas depois do ataque do Estado contra as manifestações de 11 de Maio, com um recorde de centenas de cabeças sangrando e a hospitalização de Yannis Kafkas, em coma, e apenas poucos dias depois da escalada fascista sem precedentes de violência racial e canibalismo social, um pouco longe de Syntagma – no outro, degradado centro de Atenas: com repetidos ataques de policiais e fascistas contra casas, lojas de imigrantes e squats (okupas) anarquistas, com fascistas devotados abusando do brutal assassinato de Manolis Kantaris enquanto grupos neonazi lançam pogroms ferindo centenas de imigrantes e, fatalmente esfaqueando o bangladeshiano Alim Abdul Manan.

O encontro pacífico de Syntagma aconteceu mais ou menos ao mesmo tempo em que compas se encontravam na praça Victoria para resistir ativamente contra o terror do Estado, a segregação racial e as escórias da coluna nacional.

De acordo com os padrões do patético movimento Democracia Real Ya dxs reformistas espanhóis e da “geração à rasca” dos portugueses pacifistas, mais um encontro apolítico chamado pelo facebook, em frente ao Kynovoulio grego [traduzido como “casa dos cães”, trocadilho com Koinovoulio, parlamento] dessa vez. A presença simbólica de policiais em frente ao “Monumento ao soldado desconhecido” não deveria nos enganar. Não era somente a polícia anti-distúrbios que defendia os símbolos do poder mas principalmente o grande número de “cidadãxs indignadxs” que declararam fidelidade aos patrões e ao Estado.

O pacifismo compulsivo de um pseudo-movimento de resistência foi, é, e será somente mais uma versão da violência do Estado. Xs proponentes do sistema parlamentar, onde quer que estejam, propõe pacifismo esperando manipular a multidão e canalizar a fúria das pessoas em trilhas reformistas do sistema já existente ao invés da sua derrubada. Afinal, o perfil do manifestante democrático pacifista é o que querem também o Estado e o Capital.

Estes primeiro encontros na praça Syntagma em Atenas, assim como em outros pontos centrais em outras cidades gregas, tem dado um voto não oficial de confiança a um sistema que tem suas fundações podres. Nós vemos em um nível europeu tais movimentos funcionando como uma válvula de escape contra a guerra social e de classes. O que o cassetete de um policial ou a faca de um fascista não podem alcançar é levado a cabo pela propaganda reformista de facebookers apolíticxs.

O movimento antagonista e dissidentes radicais deveriam revelar a natureza reacionária e contra-revolucionária destas cópias falsas das revoltas do mundo árabe. Uma das fundamentais características do capitalismo é seu poder de absorver e transformar as vozes que o desafiam. Dessignificando palavras como fúria, revolta e revolução o sistema e seus/uas partidárixs esperam conduzir o movimento de libertação social e divergi-los em trajetórias indolores a elxs mesmxs.

Os avisos dados pelxs Madrileños axs acampadxs de Syntagma tipo “não causem distúrbios” tiveram ressonância em muitas pessoas. A imprensa do sistema mundo a fora reproduz, investe e adorna os argumentos pacifistas e os vende como a única perspectiva esperançosa.

Enquanto não avançamos em direção ao confisco dos meios de produção, a abolição da propriedade, a rebelião multiracial e a construção de estruturas de apoio mútuo e de auto-organização mas, ao invés, rendermos nossas bandeiras e entregarmos nossas armas à Sytagma [palavra que também significa Constituição] ou qualquer outro lugar, cantando e ouvindo o hino nacional; enquanto estivermos em um humor alegre com violões e músicas quando deveríamos estar segurando pedras, nós continuaremos a ser escravxs dxs nossxs patrõxs.

Para nos referirmos à três (das mais nauseantes) minutas da assim chamada “Primeira Assembléia Aberta da Democracia Real Agora na Praça Syntagma”, de acordo com o website oficial do movimento:

– A juventude vem com alma, fé, pacificamente, não como em dezembro de 2008. Todxs a madurecemos.

– Outro dia a extrema-direita estava espancando e esfaqueando imigrantes, imigrantes dos países que foram os pioneiros e ensinaram tudo de insurrecional que tem acontecido no mundo nos últimos meses.

– Depois de Velos [motim anti-ditatorial marinho de 1973] e da Politécnica [levante estudantil de 1973], este é o primeiro ato de democracia direta e levantamento da moral na Grécia.

Posted in General | 1 Comment

Minutas da Primeira Assembléia de Syntagma.

Pontos de convergência tirados na primeira Assembléia de Syntagma (25 de Maio 2011).

Assim como x tradutorx do grego para inglês, também não concordo com muitos deles (especialmente os de argumento pacifista, como o antepenúltimo item, ou de ideologia legalista, de defesa da constituição e merdas do tipo), mas temos de reconhecer a oportunidade dxs lutadorxs populares do setor anticapitalista autônomo antiautoritário de poder agora unir força com setores antes impensáveis. Revoltas populares nunca são ideologicamente puras, nunca poderiam ser.

Não se sabe ainda o peso político que essa Assembléia terá. Certamente haverão outras. O que podemos torcer é para que se caminhe na direção da vontade popular, sempre mantendo a influência da tendência autogestionária de organização e a linha política comunista libertária.

Tradutorx voluntarárix do FogoGrego.

———————————————

Minutas da assembléia aberta da Democracia Real Já na praça Sytagma. Essas minutas foram tiradas entre 10pm e 01am.

No total, nests horas, 83 pessoas falaram – entre desempregadxs, estudantes, trabalhadorxs do setor privado e público, jornalistas, artistas, professorxs e palestrantes, sem-tetos, donas de casa e muitxs mais. As minutas foram gravadas em ordem cronológica dxs que falaram, sem referência aos seus detalhes pessoais, como elxs mesmxs freqüentemente não mencionariam. Em muitas ocasiões, houveram propostas de organizar, em outras houveram gritos de agonia, de denúncia, opiniões sempre respeitadas e articuladas dentro do procedimento da democracia direta*.

*[N.FG.: Em tempos de crise, a democracia direta sempre retorna à cena.]

As minutas da Assembléia (essencialmente uma ou duas sentenças do resumo das propostas, idéias e pensamentos das pessoas)

– Armar acampamentos em espaços abertos por todo o país, organizar grupos de trabalho com distribuição específica de tarefas.

– Temos a beleza do nosso lado, contra xs viciosxs banqueirxs e xs políticxs malígnxs.

– Qualquer político que cometa injustiças, qualquer um que desrespeite a demanda popular, deve ir embora para suas casas ou prisões.

– Esta é uma manifestação aberta, uma convergência que me dá calafrios.

– A democracia delxs não garante liberdade ou justiça.

– Vamos ficar em Syntagma e decidir, aqui mesmo, como vamos resolver os nossos problemas.

– Quando as pessoas, como nós, discursam sem medo, o medo se move e rasteja pra cima delxs, aqui pra cima, pro prédio do Parlamento.

– Quando se chega nesse ponto, palavras na Grécia perdem o seu significado. Dizemos ELLAS (Grécia) e isso significa ELAS (Polícia Grega). Dizemos laos (as pessoas) e isso significa LA.OS. (partido de extrema direita). Temos de empurrar, achar poder para as palaras acharem seu significado novamente.

– Precisamos manter Syntagma e todas as ruas fechadas à noite, e toda noite, até acharmos uma solução.

– Não deveríamos estar satisfeitxs em ser cliente ou consumidorxsm deveríamos estar satisfeitxs em ser bons/boas e responsáveis cidadãxs.

– Xs Ciclistas, com suas primeiras manifestações e suas marchas de bicicleta* [*N.FG.: massas críticas ou bicicletadas], conseguiram o direito de mobilização, conquistaram o espaço delxs. Deveríamos seguir o exemplo.

– Devemos tomar conheciência do nosso poder e dos nossos problemas comuns.

– Devemos derrubar esse sistema plutocrático de políticas, devemos traze-lo ao chão com força revolucionária.

– Devemos olhar essa questão globalmente, das nossas vidas roubadas. Devemos conectar isso com qualquer coisa similar que estes acontecendo mundo a fora.

– Devemos convidar acadêmicos e especialistas em leis para nos explicar como podemos nos livrar do memorandum.

– Devemos organizar eventos culturais, exibição de filmes e concertos na Syntagma e nos outros acampamentos que organizaremos.

– Não é só axs políticos que devemos culpar, mas a todxs nós com nossos comportamentos individualistas.

– Temos que começar por nossa mudança pessoal, mudar a nós mesmxs. Temos de nos virar para x amigx estudante, trabalhador e pedi-lxs que mude sua lógica e atitude. E temos todxs de contribuir nisso.

– Temos que continuar com consistência as revoltas do mundo árabe. Para elevarmos a nós mesmxs acima das terras natais e nações.

– O maior problema na base da democracia é a indiferença. Indiferença começa com consumismo. Temos que parar de ser indiferentes.

– O sistema beneficia a poucos e reprime a muitxs. Temos de organizar assembléias de discussão em cada bairro.

– Em Syntagma, hoje a noite, me sinto feliz. Para começar bem, vamos desligar nossas TVs. E começar a coordenar.

– Nós entendemos e claramente exigimos que a democracia retorne à sua base, isto é, a todxs nós. Não queremos símbolos ou bandeiras. Temos de sair de qualquer que seja a posição confortável a qual nos colocamos e começar a organizar.

– Devemos começar um blog de coordenação e informação.

– Participamos o máximo que podemos para poder mudar nossas vidas. Para trazer a democracia à posição certa, da vida humana e da dignidade.

– Em Pnyka, na antigüidade, haviam assembléias que solidificariam a democracia. Temos de mudar nossas vidas, nossa História.

– Todxs arriscando nosso futuro devem ir embora. Temos de nos manter organizadxs desde baixo, vivxs e fortes.

– Hoje a noite todas nossas faces estavam com um pequeno sorriso. Todxs tivemos uma levantada em nossas almas. Vamos manter assim, e mover pra frente.

– Políticos devem ser punidxs e todxs devemos lutar para que essa punição aconteça,

– Todos deveríamos ter um encontro às 6pm toda noite e assembléia às 9pm.

– Há medo na mídia de massas do sistema e políticxs agora. Nossa convergência é imensa, nossa assembléia é imensa. Não devemos permitir que eles nos cooptem.

– Temos que começar a formular demandas. Para a política mudar, para o governo ir embora, vamos formular juntxs nossas próprias propostas.

– Pro inferno com o débito que eles jogaram na gente. Vamos transformar assembléias de base em ferramentas políticas centrais de formulação de palavra e prática. Vamos resistir.

– O sistema de saúde entrou em colapso, não existem mais materiais, pessoas nos hospitais estão em perigo, elxs [políticxs] estão nos abandonando.

– Eu só peguei o microfone para pedir desculpas axs jovens aqui presentes, para as muitas pessoas jovens que vejo aqui, pedir desculpas pelo país e situação política que estamos entregando a elxs.

– Temos de começar o processo de autogestão, retomar nossas relações com a política. Temos de trabalhar duro para isso, para construir um mundo melhor.

– Temos de dar poder a todxs nós, cidadãos, artistas, pessoas simples que tomaram um fôlego grande hoje.

– Vamos exercitar nosso direito à desobediência, vamos chamar a isso com paixão e força. Vamos fazer a História do começo.

– A democracia começou aqui, em Atenas. Política não é uma coisa ruim. Para melhorá-la, vamos toma-la de volta em nossas mãos.

– A informação e transmissão do que está acontecendo aqui é um passo importante para informação e coordenação, vamos tentar isso por todos os meios.

– Vamos trazer comida, para atravessar por muitas horas de assembléia – essa poderia ser a pequena mas importante contribuição de todxs nós que não podemos ficar aqui por muitas horas.

– Os problemas são comuns e são o que nos une. Não devemos permitir bandeiras políticas ou qualquer escolha que nos divida.

– Pessoas, não tenham medo. Mantenham a calma – é isso que vou passar axs meus/minhas estudantes também. Saber que economia é simples, ela só se tornou complicada por causa desses predadores.

– Será uma vitória para todxs xs jovens virem a Syntagma.

– Auto-organização é a única solução. O mais cedo entendermos isso melhor pra nós.

– Elxs nos colocaram de joelhos com os acordos delxs. Xs plutocratas, xs donxs de navios da Grécia não tem os mesmos direitos que nós. Nós produzimos a riqueza delxs, nossa riqueza. Vamos toma-la de volta.

– O débito trouxe as nossas vidas aos joelhos delxs.

– O povo espanhol nos deu a idéia. Nós temos que nos coordenar com o resto dos países com débito do Sul, temos que nos mobilizar. O povo espanhol nos mostrou o caminho.

– Preocupa a todxs nós as coisas pelas coisas estamos passando, xs espanhóis, xs irlandesxs, todxs os povos. Uma caixa de comida deve se tornar muitas, temos de coordenar, todxs xs advogadxs, economistas, estudantes, para contribuir com todo o nosso conhecimento – mas o mais importante, passar a mensagem, passar a chama do que aconteceu aqui com nossas famílias e colegas.

– A vida é valiosa para todxs nós.

-Jovens, tome a vida em suas próprias mãos. Elxs nos estão levando de volta às condições da Idade Média e da escravidão. A luta de hoje é uma luta contra a barbárie.

– Política são várias ferramentas ao mesmo tempo. Uma dessas á coordenação com outrx revoltadx. Neste momento, na Espanha, elxs estão passando em telas imensas o que está acontecendo aqui.

– Para o momento somos muitxs. Temos que começar a pensar como umx, ou pra dizer em outras palavras, umx por todxs, todxs por umx.

– Seria muito bom, enquanto estou falando, ter umx intérprete de linguagem de sinais, para xs surdxs.

– Será um grande momento quando escaparmos da armadilha que elxs nos jogaram. De hoje em diante, estamos renegociando balanço do poder na cena política da sociedade grega, que no momento pende a favor do governo.

– Estão corando vitórias políticas e sociais seculares. Estão nos cortando esperanças que devemos retomar.

– Temos que virar a balança do poder político e social.

– Um bom passo de socialização e discussão seria trazer aqui, ao espaço público, todxs as atividades que teriam lugar no espaço privado.

– Elxs difamam servidorxs públicos, professores, médicos. Justiça não é salário de 500 euros. Elxs nos tiram a dignidade.

– Política  é assunto que importa a todxs. A sociedade está sem opções. Temos de mudar isso.

– Minha geração tem aproximadamente 50 anos de idade, no parlamento, e eu pequi desculpas para tudo que tem caído sobre vocês e os feito sofrer.

– Tenho 24 anos de idade, estou cheix, cansadx, de pessoas falando em ismos numa linguagem tediosa. Quero algo pra mudar, levando em consideração e reconhecendo nossas próprias responsabilidades também.

– Estamos aquí para descubrir a democracia real.

– Vamos começar a nos dirigir umx ax outrxs como se fossemos irmãos.

– O objetivo é viver com dignidade e com as cabeças erguidas. Nos levantarmos contra o ridículo. Não legitimaremos nenhum memorandum.

– Grécia é a beira do abismo e o dinheiro do país já está no estrangeiro. Elxs nos roubaram, e continuam roubando.

– Elxs nos deram igualdade em privações sociais. Devemos lutar por igualdade e melhoramentos sociais.

– A primeira coisa necessária seria saber o que nós estamos fazendo aqui. [Estar apto a dizer] Tenho AIDS ou câncer, sou sem-teto e não tenho vergonha disso. Todxs precisamos do poder pra saber o porque de estarmos fazendo isso aqui esta noite.

– Não tem ato que seja mais temporal, com um profundo significado político do que retomar nossas vidas em nossas mãos.

– Temos todxs que nos tornar servidorxs e contadorxs do povo.

– Temos de defender a Constituição da Grécia, assim como o décimo segundo artigo da Constituição.

– Aqui é onde estamos formando a nova força política e nos separando da miséria e medo.

– A mensagem de revolta deve se espalhar pra todos os lados. Temos que trabalhar para o NÓS comum. Todx desempregadx deve mobilizar e organizar.

– Nada funciona sem as nossas mãos. Greves Gerais em todos os lugares, todxs devemos nos tornar um só punho.

– Devemos nos tornar um vírus e nos espalhar.

– Existem donxs de  conglomerados de mídia como Kouris, que deve dinheiro pra todo lado, e [ainda] aterroriza e chantageia seus trabalhadorxs.

– O sistema de taxarão não é o mesmo para xs donxs de navios, para aquelxs que tem e aquelxs que não tem. Direitos e responsabilidades iguais a todxs.

– É errado acreditar que também seja nossa culpa, virar a faca pro nosso lado. União, solidariedade pra todxs nós em luta comum.

– Elxs estão vendendo nossa energia, ganham lucros absurdos com suborno.

– Temos de começar com estruturas de auto-organização, cozinhas comunitárias, eventos artísticos, encontrar produtores que contribuam. Syntagma deve se tornar um grande exemplo de a luta da comunidade inteira.

– Temos que guardar o que está acontecendo aqui. É assunto nosso e assim deve permanecer.

– A juventude vem com alma, fé, pacificamente, não como em dezembro de 2008. Todxs amadurecemos.

– Outro dia a extrema-direita estava espancando e esfaqueando imigrantes, imigrantes dos países que foram os primeiros a pavimentar o caminho das revoltas que varreram o mundo recentemente.

– Depois de Velos [motim anti-ditatorial marinho de 1973] e da Politécnica [levante estudantil de 1973], este é o primeiro ato de democracia direta e levantamento da moral na Grécia.

Praça Syntagma ocupada.

 

Posted in General | Comments Off on Minutas da Primeira Assembléia de Syntagma.

Praças tomadas na Grécia!

Desde a famosa tomada da Praça Tahrir no Egito pela população nas revoltas deste ano, que culminaram na derrubada do ditador Mubarak, esta tática de pressão popular e democracia direta tem se feito presente em outras revoltas no mundo árabe. Acampado, o povo passa dias e noites nas praças, monta tendas, constrói imensos refeitórios comunitários, protesta, celebra, faz música e se organiza em assembléias políticas (de onde saem textos para chamados, manifestos, propostas e as diretrizes de luta).

Na Espanha, a tática também foi adotada recentemente, nas jornadas de protesto contra a crise econômica do Estado. O povo espanhol tomou várias praças pelo país (em mais de 50 cidades), e o imenso acampamento de Porta do Sol, em Madrid (que acabou se tornando a “sede informal” desse movimento, chamado 15-M) lançou um chamado internacional conclamando os povos oprimidos do mundo a adotarem a mesma tática em seus países.

Tanto a Espanha quanto a Grécia fazem parte do famigerado grupo dos P.I.G.S. (pejorativa sigla que reúne Portugal, Itália, Grécia e Espanha, Spain em inglês), grupo este que seria o oposto dos B.R.I.C.s (Brasil, Rússia, India e China) os chamados países emergentes que mais se destacam hoje em dia devido ao rápido crescimento de suas economias. Logicamente então os P.I.G.S. seriam os de pior performance econômica, a “vergonha” da União Européia. Essa crise que une Espanha e Grécia (os de pior desempenho dentro do grupo) talvez justifique o porque do povo grego ter sido o primeiro a atender o chamado de Porta do Sol.

Na terça-feira passada, dia 23, milhares de atenienses se convergiram na Praça Syntagma. Organizadxs através de redes sociais na internet e atendendo ao chamado espanhol, sob a alcunha de “indignadxs”. Isso foi apenas o ensaio geral para o que se daria a seguir.

O FogoGrego traduz em primeira mão as últimas da Grécia, ocorridas hoje:

 

“Que horas são? Hora de todxs* irem embora!”

*em referência axs políticxs

Dezenas de milhares tomam as ruas gregas contra a crise

Quinta, 26 de Maio, 2011

01.00 GMT+2: Praça Syntagma, Atenas. Milhares parecem se preparar para passar a noite na praça com barracas e camas de armar. Uma assembléia popular terminou a pouco; pessoas formam grupos, discutem, se aproximam do parlamento em turnos gritando slogans. Definitivamente haverão muitxs delxs aqui pela manhã.

 

11.50 GMT+2: Em uma série de manifestações e concentrações jamais vista na recente turbulenta história Grega, dezenas de milhares tomam as ruas exigindo que “todos xs políticxs se vão”, em um chamado similar ao que sacudiu a Espanha poucos dias atrás. Em Atenas, aproximadamente 20.000 tomam a Praça Syntagma; em Tessalônica, aproximadamente 5.000 convergem em frente da torre branca da cidade. Muitxs milhares se juntam em Patras, Volos, Chania, Ioannina e Larisa, e outras cidades.

Praça Syntagma. Atenas. 26 Maio 2011.

Praça Syntagma. Atenas. 26 Maio 2011.

Tessalônica. 26 Maio 2011.

Algumas considerações de um anarquista que esteve na Praça Syntagma noite passada.

Quinta, 26 de Maio, 2011.

04.36 GMT+2.

Acabo de voltar de Syntagma devido a um infeliz incidente pessoal (eu havia planejado passar a noite toda lá) e tenho o seguinte a reportar:

1) As pessoas que vieram hoje estavam literalmente em centenas de milhares. Não caia nas estimativas que geralmente subestima seus números. Às 8 da noite a Praça Syntagma e todas as ruas próximas estavam lotadas, o que significa aproximadamente 100.000 pessoas. Calculando o fluxo de pessoas das 6pm e dado que as pessoas constantemente vinham e iam, estamos falando literalmente de centenas de milhares – uma participação que excede todas as espectativas.

2) Xs nacionalistas enfrentaram uma grande derrota. Estamos falando de uma multidão enorme e nela havia TRÊS bandeiras gregas no total, um número que é menor até do que aqueles em greves gerais. Então, os boatos de que essa era uma armadilha nacionalista se mostraram infundados. Pelo contrário!

3) Sim, a multidão era mista, inexperiente e heterogênea – mas não são assim xs atenienses? O fato de que pessoas com filosofias tão diferentes umas das outras coexistirem é pra mim uma grande vitória. Talvez pra metade dessas pessoas essa era sua primeira ou segunda manifestação. Mais uma vez, parabéns a elas por tomaram as ruas, ainda que carregando seus preconceitos e vieses.

4) As pessoas FINALMENTE foram insistentes e não vão embora. Até quando eu fui embora ainda tinham algumas pessoas, e isso já era 3am!

5) A assembléia aberta de Syntagma operou excepcionalmente bem, colocando questões radicais à mesa. Greve por tempo indeterminado, ocupação da Praça de Syntagma por tempo indeterminado, claras referências antifascistas. Serviços básicos de limpeza improvisada também funcionou bem, alinhado com o modelo da Praça Tahrir! Estava claro que a semente plantade em 23 de Fevereiro tinha fertilizado e a ocupação de Syntagma tinha virado uma realidade.

6) Como anarquista lastimei por compas meus/minhas que esnobaram, subestimaram ou difamaram a improvisação da mobilização sem líderes de hoje. Ao invés de se juntar a essas pessoas e politicamente fermentar com elas, escolheram a esnobe e fácil discriminação das massas “burras e reacionárias”. Uma grande pena, mas o espaço para correção imediata ainda existe para aqueles que podem e querem…

7) Finalmente, tudo começou! As pessoas tomaram as ruas e não irão embora. Syntagma mostrou que pode se tornar um epicentro de protesto social com características radicais e principal conflito social, bem como muitxs de nós sonhou em 23 de Fevereiro. Temos muito ainda a encarar e imensos obstáculos a saltar, mas hoje foi um dia Histórico que ninguém esperava e do qual todxs foram prazerosamente pegxs de surpresa. O poder social da internet foi finalmente confirmado aqui também.

Concluindo: vá a Syntagma hoje também levando as experiências do grande dia de ontem!

Hoje mais de nós e mais determinadxs à praça!

Tudo começou mais uma vez, e nada mais será o mesmo!

 

Posted in General | Comments Off on Praças tomadas na Grécia!