A quarta-feira passada, dia 08/06, foi movimentadíssima para nossos compas antifa da Grécia. Abaixo ações que acontecerem neste dia, trazidas até nós pela tradução da competente Agência de Notícias Anarquistas.
Guerra de todos os modos contra o Estado e os fascistas.
Hoje, na Grécia, a luta antifascista pela resistência e a autodefesa dos nativos e dos imigrantes é, mais que nunca, necessária. Nos últimos meses intensificaram-se a guerra declarada – há muito tempo – do Estado, dos patrões, dos bandos fascistas e paraestatais, mas também dos “indignados” patriotas contra as parcelas mais pobres, minoritárias e/ou marginalizadas da sociedade grega. Os incidentes narrados a seguir, de violência racial e fascista dos bandos neonazistas, são só alguns exemplos dos numerosos ataques contra imigrantes que acontecem especialmente no centro de Atenas, mas também em outras cidades gregas e que nunca são divulgados pela imprensa corporativa ou mesmo conhecidos mais amplamente pela população.
Ataque antifascista em Patras
Cerca de 40 antifascistas, do grupo “Vagabundos com Memória e Consciência”, invadiram uma casa que funcionava como espaço neonazista da organização Xrysh Aygh (Amanhecer Dourado), no dia 8 de junho, em Patras. O local é utilizado para armazenar panfletos, bandeiras, material de propaganda e outras parafernálias racistas. O antro fascista, que fica na rua Ilias 34, na praça Omonia, pertence a um figurão chamado Vasilis Kokkalis, que tem o seu escritório na rua Mezonos 134 e mora na rua Gunari 113-119.
Esta ação direta foi realizada algumas horas antes de uma concentração programada, às 19h, por um grupo de neonazistas na vizinhança de Zaruhleika. No mesmo dia foi articulada outra reunião de patriotas-racistas neste bairro às 20h contra o plano de construção do novo porto de Patras neste bairro, que significará, provavelmente, a movimentação de grupos de imigrantes também, na sua tentativa de embarcar da Grécia para a Itália. Depois deste primeiro apelo foi chamado outro, via facebook, pelos neonazistas da Xrysh Aygh, às 19h, no mesmo lugar.
Desde as 17h30 antifascistas juntamente com imigrantes concentraram-se perto do acampamento dos imigrantes e permaneceram lá até a noite para combater possíveis ataques neonazistas. Os 100 fascistas que se reuniram vindos de várias partes da Grécia – conseguiram apenas realizar uma marcha de 100 metros. Também durante toda a tarde um grupo de aproximadamente 20 sujeitos paraestatais (possivelmente policiais à paisana) ficou perto do clube dos torcedores do Panahaiki, os “Navajo”, que são bem conhecidos pelas suas ações antifascistas dentro e fora dos estádios de futebol.
Violência estatal e neonazista em Igoumenitsa
No mesmo dia (8), na cidade de Igoumenitsa, realizou-se uma invasão da polícia com muitíssimos agentes da MAT (Tropa de Choque) no acampamento dos refugiados e imigrantes que fica na montanha perto do porto da cidade. A operação repressiva tinha começado um dia antes com um bloqueio do acampamento. As famílias dos refugiados, entre as quais há muitas crianças, ficaram sem água e comida, enquanto os parasitas da autoridade bombardearam o acampamento com gás lacrimogêneo, golpeando e prendendo centenas de refugiados e imigrantes e transferindo-os para vários centros de detenção em toda Grécia. Não se sabe ainda o numero exato de feridos e detidos.
Poucos dias antes, no dia 3 de maio, realizou-se em Igoumenitsa, no porto da cidade, uma concentração racista de 500 patriotas e um ataque coordenado de grupos de neonazistas junto com forças da polícia contra o acampamento dos imigrantes e pessoas solidárias. No dia seguinte neonazistas invadiram o squat autogerido Keli tis Eleftherias (Célula da Liberdade), que fica na universidade técnica da cidade, e atacaram as pessoas que se encontravam lá dentro.
Anarquistas nas ruas combatendo os neonazistas
O movimento anarquista está na rua também combatendo os neonazistas e os racistas e tentando edificar canais de comunicação com os imigrantes para organizar grupos multirraciais de autodefesa ativa e para o isolamento político dos fascistas nos bairros. Exemplos característicos desta luta são os seguintes:
Na última quarta-feira (8) realizou-se na Praça Victoria a segunda assembléia popular onde participaram 100 pessoas, a maioria imigrantes de vários países da África e da Ásia. A assembléia popular na Praça Victoria teve como objetivo a criação de pontes interculturais entre a população grega do bairro e as várias comunidades de imigrantes, e que resultou na organização de uma série de atividades que começaram neste domingo (12) com o fim de estabelecer uma presença antifascista continua neste bairro do centro de Atenas, que nas últimas semanas transformou-se num palco de ações de ódio racial.
Ação antifascista no centro de Atenas
Também no dia 8 de junho realizou-se uma ação antifascista no centro de Atenas com mais de 50 pessoas. A ação foi organizada pelo Grupo dos Comunistas Libertários, a Assembléia Anarquista pela Autodeterminação Social e o grupo Kathodon (Na rua). Foram distribuídos centenas de panfletos para os transeuntes, em casas e lojas e também no mercado popular de Agios Pavlos. O itinerário da ação começou na rua Marnis, passando pela Praça Vathis e Metaxourgeiou e acabando na rua Ipirou.
Bloqueio antifascista
Pela tarde do mesmo dia (8) realizou-se um bloqueio da cafeteria “De Fato” na municipalidade de Egaleo, em Attiki. O apelo deste bloqueio partiu da okupa Sinialo como resposta ao espancamento de um imigrante-trabalhador nesta cafeteria pelo dono do estabelecimento. Isto aconteceu na tarde da segunda-feira, 30 de maio, quando o imigrante pediu o dinheiro do seu trabalho que ainda lhe devia o patrão racista. Depois da agressão a polícia chegou e prendeu um compa que estava lá para mostrar a sua solidariedade (!) em vez de deter o patrão racista que tinha agredido o imigrante. Mais um exemplo da colaboração da polícia com os racistas e os neonazistas. O compa foi levado para uma delegacia local e depois para uma central da policia grega, onde passou a noite sem nenhuma razão. O dito patrão, em particular, é bem conhecido por esta atitude de negar o pagamento aos trabalhadores e proclama de todas as formas que a sua cafeteria é protegida pelos neonazistas da Xrysh Aygh.
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Não podemos tolerar pogroms racistas-fascistas na nossa vizinhança!
ESPAÇOS PÚBLICOS ABERTOS À TODXS XS SOCIALMENTE EXCLUÍDXS.
Lutas comuns de nativxs e imigrantes, trabalhadorxs, desempregadxs e juventude contra a exploração, pobreza, medo e racismo.
Se não resistirmos em todos nossos bairros, as cidade em quevivemos se tornarão prisões modernas.
Nenhuma tolerância à gangues fascistas.
TODXS À PRAÇA AMERIKIS
ENCONTRO
Segunda-feira, 13 de Junho, 2011, 6pm
Coletivos e residentes de Kypseli-Patissia-Acharnon