Orwell, em sua famosa obra “1984”, sustentava que a classe dominante em uma sociedade distópica dominaria o resto da sociedade pela repressão e censura. Huxley, em seu igualmente conhecido “Um mundo feliz”, argumentava que a classe dominante em uma sociedade distópica dominaria os outros, transformando-os em “abobados”. Assim, não proibiria nada, porque não os haveria castrado ideologicamente, por que não se importariam em nunca descobrir que são vítimas de uma exploração impiedosa. Portanto, não há necessidade de repressão (porque ninguém se mobilizará), nem necessidade de censura (já que ninguém vai dizer algo realmente ameaçador para a classe dominante). As pessoas se sentirão “livres” para dizer o que quiser, sem que a classe dominante tenha um problema com isso, porque simplesmente estará assegurada “para escravizar suas mentes”. De fato, ambas as obras tem razão; ambos os métodos são utilizados. E quanto mais método de Huxley falhar (a “castração ideológica”) mais o método de Orwell é utilizado, pela classe dominante (censura, repressão, etc.). Hoje em dia, principalmente porque os trabalhadores do Ocidente não vão ficar de braços cruzados, aceitando um retorno a uma exploração do tipo medieval, notamos um forte aumento da repressão e da censura. Se a classe dominante não é detida, em breve veremos a continuação desta política, ou seja, prisões de dissidentes políticos, como na China, por exemplo. Pela mesma lógica que a classe dominante concorda com os salários da China, concordam com a repressão aos trabalhadores, como a da China. E, claro, essa supressão não é apenas “de natureza policial”, com grupos antidistúrbios atingindo as pessoas mobilizadas contra a classe dominante, mas também “de caráter ideológico”: a Internet é agora muito mais “livre” em comparação com outros meios, tendo dificuldade os governantes de controlá-lo, mas tentando obter o controle de forma lenta e gradual. Mais uma vez a China tem indicado o caminho, com grande “êxito” no campo da censura na Internet.
Na Grécia, o Poder tem jogado da mesma maneira, embora copiando, como sempre, os passos das elites dominantes da Europa e dos Estados Unidos. O Ministro da “Justiça” anunciou alguns decretos-lei, de modo que possam identificar os administradores dos blogs gregos, e para eliminar o anonimato (privacidade) das comunicações, em matéria de “mais delitos do que os permitidos pela lei atual”. Portanto, tudo o que perturbe o poder na Internet e questione sua dominação, é batizado crime e é reprimido. “A Internet tem que parar de abrigar encapuzados, sem que se questione a liberdade de expressão e opinião”. Tendo identificado os encapuzados por anos no subconsciente do telespectador, como uma ameaça à segurança da sociedade e da normalidade, agora são usados como pretexto para a transformação da sociedade em uma repetição das individualidades. Não se questionará a liberdade de expressão e de opinião se pode perceber apenas como uma brincadeira de mau gosto. O seguinte é indicativo, mesmo para aqueles que ainda têm dúvidas: “As autoridades tem que estar autorizadas a solicitar aos servidores os dados do usuário que são acusados de atos puníveis, sem pedir a permissão da Autoridade de Garantia da Confidencialidade de Telecomunicações”. A partir de agora, a resistência ao totalitarismo e sua ideologia será chamada de “crime”, “terrorismo” e “ato punível” e será reprimida pela lei que o Regime está tentando promulgar.
O terreno começou a ser preparado pelos porta-vozes do Poder, pelos meios de desinformação da mídia, e passividade. Por exemplo, o jornal “Kathimerini” pede a abolição do anonimato na Internet: “Na Grécia, nos últimos anos, tem sido alimentado, infelizmente, um fenômeno doentio de sites anônimos, que estão envolvidos em assédios pessoais, ameaças e até chantagens. O cidadão comum, no entanto, não pode saber quem, ou melhor, quais interesses estão escondidos atrás de vários sites, ao contrário de jornais e outros meios de comunicação, que possuem nome e endereço. É tempo, portanto, que exista uma legislação correlata, que imponha regras sobre a Internet e leis que regem a informação em todos os outros meios”.
Sob o pretexto da segurança (o que mais?) e falando de forma arbitrária e em nome do cidadão médio, a muleta do Regime visa encobrir e silenciar a questão da censura e da política do novo totalitarismo: a população está sujeita a uma lavagem cerebral, a castração ideológica, que tem como objetivo seu entorpecimento, a conversão da população em um rebanho de criaturas tímidas, dóceis e lobotomizadas, que terão a ilusão de que tudo vai bem, já que vão ter a ilusão de que a realidade apresentada é a única. O que não se mostre em conformidade com a ideologia dominante e não está sujeito à imposição deste projeto será reprimido. No entanto, essa repressão será implementada de tal forma que conte com o consenso da sociedade. Neste contexto está incluída a tentativa de desorientação do exemplo anterior. As táticas dos governantes, desde logo, não só diz respeito somente a Grécia. A tentativa de eliminar o anonimato é universal. Aqui, por exemplo, podemos ver o “caso” mais recente de um executivo do Facebook pedindo exatamente isso. O exemplo da Grécia, no entanto, diz respeito a todos.
Fontes: tsak-giorgis.blogspot.com , ciaoant1.blogspot.com.
agência de notícias anarquistas-ana